Ontem comecei a ler o livro “O Ócio Criativo” do Domenico de Masi. E logo no começo, em uma das perguntas feitas pela entrevistadora Maria Serena Palieri ao de Masi, ele traz um insight muito interessante, no qual valoriza as imperfeições do ser humano.
Para entender melhor, reproduzo abaixo o trecho do livro em questão:
Quais foram, então, os momentos da História nos quais nós, seres humanos, atravessamos encruzilhadas, vimos que o mundo virava de cabeça para baixo, se torna “um outro” mundo?
Um primeiro longo período da história humana vai de setenta milhões a setecentos mil anos atrás. Durante esse período, quem vivia não percebia nenhuma mudança, se sentia sempre igual. Trata-se da longuíssima fase na qual o homem criou a si mesmo: aprendeu a andar ereto, a falar, a educar a prole.
Se refletirmos bem, estas são mudanças extraodinárias, todas elas decorrentes da compensação dos nossos defeitos. Rita Levi Montalcini explicou isso muito bem no seu livro L’elogio dell’imperfezione (O elogio da imperfeição). Tínhamos um olfato fraco, portanto não podíamos perseguir a caça farejando a terra, como fazem os animais, mas tínhamos que avistá-la: para isto devíamos caminhar de pé, já que a caça frequentemente fugia, desaparecendo na vegetação. Isto fez com que se tenham salvado somente aqueles indivíduos da nossa espécie que se tornaram mais aptos para caminhar eretos.
Tal fato nos faz entender melhor o surgimento de várias áreas e tecnologias. E uma das áreas decorrentes da imperfeição humana, é a de Teste de Software.
Todos conhecem aquela frase que diz que “errar é humano”. E a probabilidade da ocorrência do erro ainda pode ser maior dependendo do ambiente em que estamos inserido. Sendo que quando falamos de um ambiente de desenvolvimento de software, logo lembramos de palavras como: prazo, complexidade, pressão, dentre outras.
Portanto, os profissionais de TI acabaram ao longo do tempo, percebendo a importância de se testar o software, sendo ela uma ação derivada da imperfeição humana. Afinal, seria um desperdício de tempo e esforço testar algo produzido pelo ser humano, se ele fosse perfeito.
É interessante notar, que graças as nossas imperfeições, fomos forçados a nos adaptar melhor ao ambiente em que vivemos e ao longo da história da humanidade, grandes inventos foram feitos, justamente para tentar contrapor tais imperfeições.
Voltando ao texto do livro, podemos interpretar que ao aprender a andar ereto, diminuímos os riscos de não conseguir comida. E pensando no mundo do desenvolvimento de software, o Teste de Software acaba também diminuindo riscos, no caso, os riscos associados a qualidade do produto/serviço que iremos entregar ao cliente.
E a lição que podemos tirar de tudo isso, é que é importante reconhecer as nossas limitações e erros, e mais importante ainda, é buscar agir para contrapô-los. Sendo assim, testar um software acaba sendo uma das ações que podemos executar, para contrapor o fato de que não produzimos software perfeito.
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