Ontem ocorreu a oitava edição do já tradicional Encontro Mensal da ALATS-SP, na Av. Paulista em São Paulo.
Tive o prazer de estar presente nesse encontro que teve como tema Modelos da Qualidade e o MPT.BR, onde foram apresentadas duas palestras: a primeira feita pelo José Correia, diretor regional da ALATS São Paulo, com o título de Introdução a Verificação e Validação no CMMI e MPS.BR, e a segunda apresentada pelo Emerson Rios, presidente da ALATS, com o título Introdução ao MPT.BR.
A seguir segue minhas impressões sobre o evento, espero que gostem. 🙂
Organização
A organização do evento foi bem realizada, só ocorreu um problema: a mudança do local do evento na última hora, mas a mesma foi avisada de forma eficiente aos participantes, e o novo local é bem perto (cerca de nem 100 metros) do local que estava previsto a realização do encontro.
A divulgação foi feita com uma boa antecedência, por meio das listas de discussões de Teste e Qualidade de Software, twitter da ALATS-SP, em blogs e além claro na própria página da ALATS-SP.
Local
O evento ocorreu em uma sala da DoMore, que possui uma boa infraestrutura (tem até um XBox 360 na sala de espera rs), boa climatização e espaço adequado para o número de participantes, aliás, a sala literalmente lotou! 🙂
Pré-palestras
Agora vamos parar de lenga-lenga, pois como puderam notar, não sou um bom relator de ambientes (uma pessoa que comenta sobre a presença de um XBox não pode ser levada a séria), e ir para o que realmente interessa, o encontro.
Antes do início das palestras, cada participante fez uma breve apresentação, contando sobre trabalha com Teste de Software, a quanto tempo e em qual empresa.
Após a apresentação ocorreu a posse dos Diretores Regionais Adjuntos (DRA) no mandato 2010, que assumiram o compromisso de trabalhar de formar voluntária em pró do crescimento e aperfeiçoamento da área de Teste de Software e Garantia da Qualidade. O time da ALATS-SP passou de 7 para 12 pessoas, e esse número ainda deverá aumentar no próximo mês, no qual haverá uma nova seleção de voluntários.
Em seguida o José Correia apresentou o balanço da ALATS e da diretoria de São Paulo, e também as metas para o ano de 2010:
- Em 2009 189 pessoas participaram do encontro mensal;
- Para 2010 a meta é de 400 pessoas!
- Os DRAs realizaram 24 palestras em 2009, totalizando um público de cerca de 1.500 pessoas;
- Para 2010 a meta é de 200 palestras, atingindo um público total de 10.000 pessoas!
Um verso que achei bem interessante, colocado pelo José no início da sua apresentação, foi:
Um sonho que se sonha só,
é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto é realidade.
(Raul Seixas)
E isso é a pura verdade, por isso que foi e é tão importante o aumento de voluntários na ALATS-SP, que estão cultivando e espalhando a cultura de Teste de Software aqui no estado de São Paulo. E em outros estados isso também é possível, só é preciso união, seja ela por meio de uma associação, grupo de amigos, companheiros de trabalho, etc, e também vontade. 😉
Palestra do José Correia
O José Correia deu uma verdadeira aula sobre modelos de maturidade, e com a já conhecida, excelente didática (cheia de analogias).
O primeiro ponto esclarecedor apresentado sobre modelos de maturidade, foi a desmistificação que as pessoas tem sobre eles:
- Não é algo mágico! Você não irá ter um salto de melhoria grande de “um dia para noite” é preciso tempo e compromisso, até porque não é a toa, que há níveis de maturidade;
- Um modelo de maturidade não tem verdades absolutas;
- Ele é focado no que você faz, NÃO como você faz. Até por isso ele não te diz como fazer, apenas o que deve ser feito;
- São modelos para você se inspirar, mas como somos preguiçosos, adoramos seguir a risca #fail!
- Busca tornar o desenvolvimento de software mais previsível;
- São uma base, não são completos e abrangentes.
Depois o José falou sobre CMMI (Capability Maturity Model Integration), explicando o seu surgimento, seus níveis e focando em apresentar onde está a área de Garantia da Qualidade de Processo e Produto e as de Verificação e Validação, nível 2 e nível 3 respectivamente.
Abaixo, uma figura apresentando os 5 níveis do CMMI:
O José explicou algo que geralmente não é muito bem interpretado por nós brasileiros, a palavra Capability (o C do CMMI), cuja tradução em português, capabilidade, não traz o mesmo sentido da palavra em inglês. Capability é a capacidade de fazer algo constante, fazendo uma analogia, o McDonald’s tem uma excelente capability, pois o Big Mac tem um Mc de São Paulo é igual ao de um em Campinas, por exemplo.
Após a introdução sobre o CMMI, o assunto em pauta foi o MPS.BR, uma versão brasileira do CMMI, e assim sendo, adaptado a realidade brasileira.
O José começou a sua explicação sobre o MPS.BR, falando do seu surgimento, que ocorreu em 2003, e depois já abordou os 7 níveis de maturidade.
Uma experiência interessante relatada pelo José, foi que algumas empresas utilizam o MPS.BR (Melhoria de Processos do Software Brasileiro), como forma de início para depois poderem estarem melhor preparados para alcançar um nível de CMMI, já que há uma relação entre os níveis do CMMI e o MPS.BR, como pode ser visto na figura abaixo, além disso o custo de um processo de implantação do MPS.BR é mais em conta do que o do CMMI, e esse é um dos principais motivadores de algumas empresas fazerem isso.
Ou seja, a pessoa pode alcançar o nível A do MPS.BR e depois já tentar o nível 5 do CMMI.
E por fim foi comentando um pouco sobre o Modelo V, mais para ilustrar como que pode ser o processo de Verificação e Validação em uma empresa.
Coffee Break
Pra quem já leu sobre os coffee breaks dos encontros passados, fica até sem graça falar que mais uma vez foi excelente, pena que eu já tinha tomado café em casa (rs). Foram 30 minutos para aproveitar pra conhecer o pessoal melhor, enquanto come uns pãezinhos de queijo (e vice-versa rs).
Palestra do Emerson Rios
O Emerson Rios iniciou a sua palestra falando sobre o porquê da criação do MPT.BR (Melhoria de Processo de Teste Brasileiro):
- Necessidade de ter um modelo de melhoria focado na área de Teste de Software;
- Adaptar um modelo de Teste de Software para a realidade brasileira;
- Ausência de implementadores estrangeiros, de outros modelos, aqui no Brasil;
- Criar um modelo leve para Teste de Software.
O MPT.BR é um modelo que ainda está em desenvolvimento, mas já estão sendo feitos 3 projetos pilotos, em três empresas no Rio de Janeiro. Os três estarão se encerrando no mês de março desse ano, portanto a fase de piloto do MPT.BR estará terminada.
O modelo é compatível tanto com a MPS.BR quanto com o CMMI, principalmente pelo fato de ser baseado justamente no MPS.BR, que por sua vez é baseado no CMMI. O MPT.BR propõe-se ser um modelo leve, para que não sejam onerados os processos e para que também seja possível aplicá-lo em áreas de Teste de Software pequenas, que é muito comum existirem no Brasil.
Na sequência o Emerson falou sobre os 5 níveis do MPT.BR, apresentando de forma mais detalhada os dois primeiros:
Nível 1 | Gerência de Projetos de Teste – GPT |
Nivel 2 | Gerência de Requisitos de Teste – GRT |
Nivel 3 | Aquisição – AQU (opcional) |
Gerência de Configuração – GCO | |
Garantia da Qualidade – GQA | |
Medição – MED | |
Nivel 4 | Gerência de Recursos Humanos – GRH |
Gerência de Reutilização – GRU (opcional) | |
Gerência de Riscos – GRI | |
Nivel 5 | Verificação – VER |
Validação – VAL |
A primeira coisa que você precisa fazer para saber se você está credenciado ou não para implementar o MPT.BR nível 1, é tratar o Teste de Software como projeto, e se você trata o Teste de Software na sua empresa como um projeto, o próximo passo é responder as questões da Análise de GAP – Nível 1 (disponível na página do MPT.BR).
Na página do MPT há vários documentos que poderão te ajudar a entender melhor o MPT, dentre os quais estão os documentos do Nível 1, Nível 2 e Nível 3 (beta). E o interessante é que como é um modelo que está em desenvolvimento, você pode entrar em contato com o Emerson Rios, para sugerir melhorias, reportas erros, etc.
No final o Emerson Rios passou informações sobre o credenciamento de implementadores, para o qual é necessário que o profissional tenha feito o curso oficial para implementadores da Riosoft/ALATS e ter o diploma de certificação CBTS.
Conclusão
Confesso, que senti aquela preguiça ao levantar às 6:00 em pleno sabadão, ainda tudo escuro (esse horário de verão é fogo…), mas aí lembrei que é o encontro mensal, ou seja, não é só mais um evento, e sim uma oportunidade de encontrar os amigos e fazer novos, as palestras em si são só uma desculpa pra gente ir (afinal é muito mais fácil você falar pra sua(seu) esposa(o)/namorada(o) que vai em uma palestra de Teste de Software, em pleno sábado, do que falar que vai sair com os amigos…rs).
As duas palestras foram muito boas, ambas cumpriram o que se esperava, e acredito que todos puderam entender melhor porque existem modelos de maturidade, e qual importância que eles podem ter para a sua empresa.
Na minha opinião, eles são no mínimo uma ótima fonte de consulta, e o bom é que tanto o MPS.BR quanto o MPT.BR possuem material para download, em seus sites. Se você deve ou não deve ser certificado em um deles, é uma questão de interesse interno (ação pró-ativa) ou de “pressão” externa (ação reativa).
Tem gente que marca uma cerveja pra conversar com os amigos, outros um futebol, alguns um cinema, e a gente marca uma palestra. 😀 Portanto, se você está aí na sua ilha sozinho, não tem com quem falar sobre Teste de Software, ou simplesmente, gosta de conhecer novas pessoas, participe do encontro mensal que a ALATS-SP promove todo mês, pois você ainda irá poder aprender ou conhecer mais sobre um assunto da nossa área. 😉
Dia 20 de fevereiro é o próximo!
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Fonte imagens:
Cachorro fugindo do gato – http://bit.ly/752y8Z
Remédio Genérico – http://bit.ly/4omlvN
CMMI – http://bit.ly/4HwOx3
MPS.BR X CMMI – http://bit.ly/6uAbeO