O tema da 19ª Mesa Redonda DFTestes foi “Como contratar um profissional para a área de Teste?”. A discussão teve 18 respostas e 8 participantes, sendo eles: eu, Sarah Pimentel, Robson Agapito, Felipe Silva, Shmuel Gershon, Rodrigo Almeida de Oliveira, Milton Vopato e Aderson Bastos.
Segue abaixo, um “resumo” da discussão, quem quiser acessar a discussão na íntegra, basta clicar nesses links 1 e 2 (necessário se inscrever no DFTestes).
Qual o peso que uma certificação deve ter durante a seleção?
Para a Sarah Pimentel, ela terá um peso diferente dependendo da senioridade da vaga:
Pra mim, ela por si só não pode ser eliminadora. Quando falamos aqui em outra mesa redonda sobre certificações eu comentei que se assim fosse, receberíamos o currículo de James Bach em nossa mesa e jogaríamos fora.
Dependendo da senioridade procurada há mais uma maneira de encontrar a certificação. Para um cargo júnior que não pede muita experiência ou não pede experiência (ao menos deveria ser assim), uma certificação é muito importante porque dá certo conforto ao selecionador técnico de que aquele profissional poderá manter conversas com seus colegas sem dificuldade e já possui o entendimento ao menos dos conceitos básicos de teste. Outro indicador é que não é fácil passar em uma certificação de teste sem experiência na área. Pra mim esse candidato é pró-ativo (foi buscar qualificar-se para ter um diferencial), possui boa capacidade de aprendizado (com curso ou sem curso pra suportar a sua certificação, ainda assim ele não tinha o mais importante que era a experiência e conseguiu sacar as coisas), e é dedicado.
Já pra uma pessoa mais pleno/sênior, pra mim conta mais a qualidade das experiências que ele teve do que a certificação.
O Felipe Silva concorda com a forma utilizada pela Sarah:
Eu concordo com a Sarah que tem mais peso quando o cargo pretendido é para novos na área. Na minha opinião como recrutador eu consideraria uma certificação se está fosse obrigatória para o meu cliente.
concordo com a maneira que Sarah encarava as certificações no momento da seleção.
- Por que você buscou essa certificação?
- O que você acha que foi importante para você ter obtido o certificado?
- Quais conhecimentos adquiridos poderão ser colocados em prática no cargo que estamos te oferecendo?
O Shmuel Gershon deu a sua opinião dizendo:
No nosso processo conta muito, pois atesta que o candidato conhece teoricamente o assunto, pelo menos. E aliado à experiência prática do candidato, conta pontos sim na fase decisória.
Quais as principais características que devem ser avaliadas no candidato?
A Sarah Pimentel respondeu dizendo:
Na entrevista, é preciso explorar o CHA do candidato. Calma, não é nada místico. 😛 CHA = Conhecimento, Habilidade e Atitude. Não adianta ter qualquer combinação de dois desses critérios, é preciso ter os 3 senão não funciona. Então as perguntas devem direcionar para respostas que indiquem situações vivenciadas pelo candidato em que ele demonstrou ter o conhecimento para resolver, a habilidade de resolver eficazmente e a atitude de resolver eficientemente. Ele também precisa ser crítico e saber avaliar se a mesma situação poderia ter sido resolvida de outra forma melhor.
Ele precisa ter:
– conhecimento técnico condizente com a senioridade esperada;
– habilidades pessoais (capacidade de resolver conflitos, boa comunicação escrita e verbal, boa capacidade analítica, vontade de aprender, valorizar o compartilhamento de conhecimento,…)
Segundo o Felipe Silva:
Comprometimento, boa comunicação, pró-atividade, facilidade de aprendizado, capacidade de resolução de conflitos (diversos) e ver se a pessoa tem CHA = Conhecimento, Habilidade e Atitude, como dito pela Sarah.
Na minha opinião tanto as características as pessoais e os conhecimentos específicos para o cargo oferecido. Ou seja, pode variar muito de acordo com o cargo fornecido e as necessidades do projeto.
É importante avaliar o quanto ele gosta e se interessa pela área, pois assim poderemos saber se o profissional realmente busca crescimento na área. Além é claro, que também avaliar a “sede” por conhecimento que o candidato possui, isso podemos ver até pelo currículo, vendo os cursos/certificações que ele fez, conhecimentos que possui, perguntar os últimos livros que leu, etc.
O que vale mais na seleção, as características técnicas ou as pessoais?
Segundo a Sarah Pimentel:
Pergunta complicada, mas eu prefiro apostar nas características pessoais. Um problema comportamental é muito mais complexo de ser resolvido do que um déficit técnico.
O Felipe Silva disse que:
Para área de testes eu digo que as pessoais, talvez para as outras áreas também, mas para a de testes tenho certeza que pesa muito. Reforçando o que a Sarah disse, é mais fácil treinar uma pessoa para adquirir um conhecimento técnico do que mudar a pessoa.
Pessoais.A maior parte das características técnicas são fáceis de ser ensinadas.
Para o resto das características técnicas, uma pessoas com excelente características pessoais em geral da um jeito de resolver a lacuna.
“Ao contratar um testador, temos que ver como ele complementa o time existente.” – ShmuelAcho fundamental a colocação acima.
Outra coisa importante é analisar não somente a parte técnica e de idiomas. Hoje em dia, é muito importante fazer perguntas para avaliar a índole da pessoa a ser contratada.
O entrevistador também deve levar em consideração se a empresa vai treinar a pessoa para certa tarefa e se sim, é mais importante uma pessoa motivada e proativa do que uma pessoa que já fazia a tarefa de outra forma e tem resistência a mudança.
Quais conhecimentos são essências de acordo com o cargo fornecido?
A Sarah Pimentel disse:
Isso eu acho que varia de acordo com o contexto de cada contratação, mas falando do que eu considero o mínimo:
Testador: Conhecimentos básicos de sistemas computacionais, noções de engenharia de sw e de processo de teste.
Analista de teste: Conhecimentos maduros em engenharia de sw, processo de teste, boas noções de garantia da qualidade e habilidade de aplicação de algumas técnicas de analise de teste
Automatizador: Conhecimentos maduros em engenharia de sw, processo de teste, arquitetura de sistemas, técnicas de analise de teste e programação, boas noções de garantia da qualidade
Gerente de teste: Conhecimentos maduros em engenharia de sw, processo de teste, garantia da qualidade e gerenciamento de projetos.
Já o Felipe Silva elencou as seguintes características:
Testador: Perfil investigativo, excelente poder de observação e concentração, raciocínio lógico e conhecimentos em informática.
Analista de teste: Conhecimentos em criação e execução de casos de testes ou similares e aplicação de algumas técnicas de analise de teste.
Automatizador: Excelente raciocínio lógico e programação, interpretação de casos de testes, facilidade em encontrar soluções para novos problemas.
Os conhecimentos/características que acho essenciais para cada posição:
- Testador: conhecer bem o processo e as atividades de Teste de Software, boa escrita, ter atenção e buscar o perfeccionismo em suas atividades, está sempre disposto a novos desafios e ser pró-ativo na busca do conhecimento.
- Analista de Teste: dominar Teste de Software, utilizar os conhecimentos adquiridos e estar sempre buscando melhorar a área. Além de buscar a manter a melhor relação com desenvolvedores, DBAs, administradores de rede, etc.
- Automatizador de Teste: dominar Teste de Software, estar antenado com as tecnologias e ferramentas que surgem e que podem auxiliar o seu dia-a-dia. Saber bem uma linguagem de programação, design patterns, refatoração, testes unitários e integrados, ferramentas de integração contínua, repositórios (ex.: svn, git, etc). E também dominar as ferramentas que utiliza no trabalho.
- Arquiteto de Teste: expert em Teste de Software e ter uma boa visão do desenvolvimento de software como um todo. E interessante ele ter uma mistura dos conhecimentos de um Analista de Teste com um Automatizador de Teste.
- Gerente de Teste: expert em Teste de Software, uma boa bagagem profissional, gerência de projetos, excelente relacionamento interpessoal, ter o “poder” de inspirar as pessoas e boa capacidade de negociação.
Parafraseando a pergunta, os conhecimentos essenciais são de acordo com o cargo fornecido.Às vezes precisa saber idiomas. Às vezes não precisa saber usar computador.
Como foram as suas experiências na contratação de profissionais para a área de Teste de Software?
A Sarah Pimentel compartilhou uma pouca das suas experiências, dizendo:
Em uma empresa anterior eu fazia seleção técnica. Isso compreendia a elaboração de provas (inglês e técnica) e entrevistas que em parte eram realizadas em inglês também. O candidato fazia as provas, eu corrigia e depois tinha 30 minutos para entrevista-lo tecnicamente e tirar minhas dúvidas em relação ao currículo e ao teste do candidato. Isso quando por demanda muito alta a entrevista comportamental com a psicóloga não entrava nesses 30 minutos também. Passar mais tempo que isso era inviável, pois impactaria nas minhas atividades técnicas para o cliente. Eu era líder de equipe dentro da minha empresa, analista de testes para o cliente e fazia seleção de pessoal. É complicado. O que eu costumava pensar era “dado o nível de senioridade desse candidato, eu gostaria de tê-lo na minha equipe? Enquanto líder técnica, qual o trabalho que eu vou ter com esse profissional para adaptá-lo à realidade do nosso cliente?” Esse questionamento me ajudou várias vezes a tomar decisões de contratação ou não e me deixar mais tranqüila quanto às decisões que tomei.
O Felipe Silva fez um relato bem interessante sobre as suas experiências:
Falando de experiência em contratações gostaria de destacar que o melhor processo seletivo que já fiz (como recrutado) é o da empresa em que trabalho atualmente, o requisitos são mínimos, para um analista de testes por exemplo são: Criação e execução de casos de testes e inglês avançado (cliente americano).
Este foi o processo mais inteligente pelo qual já passei, lógico que a empresa não economiza entrevistas, eles fazem isso para que cheguem até eles o máximo de CVs que atendam aos requisitos mínimos obrigatórios, isso lhes assegura que não iram perder a chance de recrutar boas pessoas só porque não tem uma certificação e etc, – James Bach não seria descartado nesta seleção – o processo seletivo de cada pessoa demora de 3 meses até mais de uma ano.
Isso porque são feitas várias entrevistas por telefone e presenciais durante o período, algumas até com participação do cliente e quando a pessoa não é aprovada em uma das fases finais ao invés da pessoas ser “descartada” eles iniciam o processo seletivo da pessoa em outro projeto e não desistem até que a pessoa seja contratada (isso porque nas fases iniciais é analisado o psicológico da pessoa).
O processo de seleção passa por várias pessoas: Especialista em línguas, RH, Gerente de pessoas, gerente de projeto, líder de teste, um futuro colega de trabalho e as vezes cliente, entre outros.
Eles dizem mais ou menos isto que a Sarah disse, não importa muito o que a pessoa tem, mas sim o que a pessoa é.
Os conhecimentos e habilidades requeridos para trabalhar na maioria dos projetos de lá só podem ser adquiridos lá dentro, desejável que a pessoa tenha experiência na área (maior peso) e se possível experiência no exterior, os detalhes serão descobertos através de entrevistas (O CV praticamente não é usado para nada, apenas para arquivar, pois eles não “acreditam” em CVs, eles acreditam nas entrevistas).Posso destacar também o processo seletivo de outras duas empresas que passei que também gostei, que são Embraer e InMetrics, em ambas eu realizei uma prova online, na Embraer chamaram todos os classificados em uma sala para prova escrita e psicotécnico, depois entraram na sala a psicóloga e os 3 lideres que estavam precisando de pessoas, cada um iria escolher um, passaram várias dinâmicas individuais e em grupo e perguntas. Na InMetrics eu fiz as melhores provas de raciocino lógico e conhecimentos técnico que já fiz, excelentes exercícios, e passei por várias entrevistas também, no caso da InMetrics a vaga era para automatizador.
Conclusão: De acordo com a vaga (testador, analista de testes, automatizar, arquiteto, gerente, etc) é recomendável ou não uma prova técnica, e para todos os casos entrevistas valem x vezes mais do que um currículo, deve-se tomar cuidado para não pedir o que não precisa (requisitos obrigatórios), pedir o que se pode pagar (talvez contrate alguém, mas essa pessoa ficará pouco tempo na empresa) e não correr o risco de excluir da lista pessoas com ótimo potencial (já vi menores programando melhor do que outros com y certificados), certificados são apenas papel, se a certificação é importante então que seja avaliado novamente os conhecimentos da pessoa, não confie na prova aplicada pela instituição certificadora, mesmo porque é fácil esquecer aquilo que não se pratica no dia a dia.
Ainda não tive experiências. Mas algo que percebi das seleções (todas para estágio/testador na área) que o pessoal já fez aqui na empresa:
- Não é fácil encontrar pessoas com perfil para a área de Teste de Software;
- Como temos uma “política” de formação profissional, damos mais importância as características pessoais do que as técnicas, até porque, o conhecimento para exercer a função, geralmente, só pode ser obtido dentro da empresa;
- Difícil encontrar profissionais com pelo menos uma base sobre Teste de Software.
O Shmuel compartilhou de forma bem geral as suas experiências:
Fica comprido para escrever aqui.Mas já contratei desde Engenheiros de Software a pós-graduados em filosofia. “Tive” melhores testadores que eram engenheiros de programação, estudantes de eletrônica, e até um com formação em arqueologia.
O Rodrigo Almeida disse que um bom processo facilita o sucesso na seleção dos candidatos:
Por enquanto todas boas. O processo que temos nos auxilia muito a contratar a pessoa certa
O Aderson Bastos destacou a importância de saber o porquê que estamos contratando:
Quem contrata deve, no mínimo, saber o porquê da contratação… Há momentos onde se faz necessário contratar alguém para “dar um gás” em um projeto (ou seja, temporário!), neste caso o skill do candidato deverá ser direcionado pela necessidade do projeto. Em outros momentos, contratamos porque estamos crescendo e queremos aumentar o time, aí sim devemos exigir mais dos candidatos, mas sempre de acordo com o planejamento estratégico da empresa (se não pretendo investir em offshore, de nada adiantará um candidato com fluência em Inglês ou qualquer outro idioma…).
Não devemos, jamais, descartar de uma entrevista a parte ética, o caráter e a integração do candidato à equipe, pois basta uma maçã podre para perdermos todo o cesto!!!
Bem pessoal é isso. Continuem de olho na lista do DFTestes, pois sempre há assuntos bem interessantes lá, e poderão haver novas respostas nessa mesa redonda.
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Boa discussão!
Quem acha que é fácil contratar profissional de teste que trabalhe como recrutador e fique lá para receber os resultados para sentir na pela…
Abraços,
– Felipe da Silva
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